quarta-feira, 15 de julho de 2009

Do outro lado da rua




Na frente da parede com uma porta no meio, uma casinha linda.

Fiquei imaginando quem moraria ali. O quão interessante ela seria, para conservar esse pedacinho de céu num dos bairros mais conturbados da cidade. Como ela conseguiu conservar uma aura mágica numa massa cinza, cheia de gravatas e problemas.

Essa pessoa deve ter um bichinho de estimação. Também cozinha feijão escolhido na mesa, espera o marido com um café feito na hora nas mãos e abre a janela de madeira pela manhã, com os primeiros raios de sol atravessando a cortina, revelando os brilhinhos de poeira. Ela poda as roseiras às cinco da tarde, quando o dia está amarelando. Ela usa avental e na sua cadeira de balanço, recorda a juventude, quando tudo em volta de sua casa eram lares de amigos com chá da tarde e bolo de cenoura.

A casa fica do outro lado da rua. É do lado que eu queria estar.


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