terça-feira, 10 de abril de 2012

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Entre maçãs e caquis

"Fiz até uma brincadeira - uma hipótese sobre o tal fruto, que os artistas sacros secularmente identificaram com a maçã. Acho duvidoso. A maçã é fruta por demais séria. Sua carne é rija. Deve fazer musculação. As mães têm de usar colherinhas para raspá-las e assim dá-las aos nenezinhos. Pudica. Não se despe por vontade própria. Só a poder de faca. Prefiro pensar que foi o caqui - fruto translúcido, de polpa escorregadia, transparente, e de carnes macias, sensíveis ao mínimo toque. Sim, sugiro que o caqui substitua a maçã como símbolo do desejo, no imaginário religioso."

(Rubem Alves - Variações Sobre o Prazer)


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Profissões

Sabe qual é o problema? Mandam a gente escolher o que fazer da vida quando a gente ainda nem sabe o que é a vida.
Vida pra mim, até o vestibular, era meus pais, avó, tias, quintal com pomar, galinheiro cheio de frangos e frangas, brincar com os vizinhos, estudar pra prova, fazer desenho e escrever historinhas.
A partir daí, alguém falou pra minha mãe:
“A menina vai ser veterinária. Adora os bichos.”
E minha mãe pensou que sim.
Depois, outro alguém falou:
“A menina vai ser estilista. Cada roupa que ela faz pras bonecas...”
E minha mãe pensou que sim.
Mais outro:
“A menina vai ser desenhista. Olha esses desenhos!”
E minha mãe pensou que sim.
Aí chegou minha professora desde séculos passados e disse:
“Ela vai ser uma grande jornalista ou redatora publicitária.”
E não é que eu me convenci disso?
Fiz o que os outros falaram que eu ia ser, mas esqueci do “grande”. Porque não era o que eu queria ser. Deram-me a dica (ou melhor, pra minha mãe) e não reparei que por trás das duas opções, a raíz era a escrita.
Eu queria mesmo era ter sido escritora. Pra poder falar dos bichos, dos quintais, das famílias, das relações. Da forma que eu quisesse.
Ainda dá tempo.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Parada

Há quanto tempo não passo por aqui? Meu Deus, isso aqui costumava ser meu canto, onde eu me apoiava em mim mesma, onde achava alento nas minhas próprias palavras; quase como um diário aberto ao público.
Mas sei o que aconteceu. Tantas mudanças na minha vida; algumas boas, outras, nem tanto. Decisões erradas, tristeza, isolamento, decisões boas, alegria e dúvidas.
Minha cabeça está funcionando a mil por hora, tateando no escuro opções opostas.
De qualquer forma, me deu uma saudade imensa de escrever. Tanto que uma das decisões que finalmente tomei, é de voltar a escrever meu livro, parado há uns dois anos. Isso veio a tona graças ao clima da Flip, que me envolveu por completo. Abençoada Paraty.
Isso não é uma promessa, mas talvez uma intenção de voltar a escrever aqui também. É bem provável que escreverei somente para mim mesma; acho que nenhum amigo se lembra ainda de visitar esse velho canto. Mas tudo bem. Se resolver pelo menos pra mim, já é um grande começo. Só não sei ao certo por onde começar.


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Uma mulher tem que ter qualquer coisa que chora

"Senão é como amar uma mulher só linda. E daí? Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e para ser só perdão."

(Samba da Bênção - Vinícius de Moraes)




















quarta-feira, 17 de novembro de 2010

C'est l'amour (Edith Piaf)

C'est l'amour
C’est l’amour qui fait qu’on aime
C’est l’amour qui fait rêver
C’est l’amour qui veut qu’on s’aime
C’est l’amour qui fait pleurer…

Mais tous ceux qui croient qu’ils s’aiment
Ceux qui font semblant d’aimer
Oui, tous ceux qui croient qu’ils s’aiment
Ne pourront jamais pleurer…

Dans l’amour, il faut des larmes,
Dans l’amour, il faut donner…

Et ceux qui n’ont pas de larmes
Ne pourrons jamais aimer…
Il faut tant, et tant de larmes
Pour avoir le droit d’aimer…

Mon amour, oh toi que j’aime
Tu me fais souvent pleurer…

J’ai donné, donné mes larmes
J’ai pleuré pour mieux t’aimer
J’ai payé de tant de larmes
Pour toujours le droit d’aimer…
Pour toujours… le droit d’aimer!


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Essência

Dizem que o tempo cura tudo. Mas ele sozinho não opera esse milagre. E eu espero que minha essência volte logo, o mais rápido possível. Hum, acho que ela tá vindo aí.

Balzac - A Mulher de Trinta Anos

Uma mulher de trinta anos tem encantos irresistíveis para um homem jovem (...) De fato, uma moça tem ilusões demais, inexperiência demais, e o sexo é cúmplice demais de seu amor para que um homem jovem se sinta lisonjeado com isso; enquanto uma mulher conhece toda a extensão dos sacrifícios a serem feitos. Nesse ponto, em que uma é conduzida pela curiosidade, por seduções alheias às do amor; a outra obedece a um sentimento consciente. Uma cede, a outra escolhe. Essa escolha já não é um imenso elogio? Armada de saber que quase sempre custou muitos sofrimentos, ao se dar, a mulher experiente parece dar mais do que a si mesma, enquanto a moça, ignorante e crédula, nada sabendo, nada pode comparar, apreciar; aceita o amor e estuda-o. Uma nos ensina, nos aconselha numa idade em que gostamos de ser guiados, em que a obediência é um prazer; a outra quer aprender tudo e mostra-se ingênua onde a mulher experiente é terna. A primeira só apresenta ao homem um único triunfo, a última o obriga a combates perpétuos. A primeira é só lágrimas e prazer, a segunda, volúpias e remorso. Para que uma moça domine, tem de ser corrompida demais e então abandonamos com horror; enquanto uma mulher tem mil meios de conservar ao mesmo tempo poder e dignidade. Uma, submissa demais, oferece as seguranças tristes do repouso, a outra, perde demais para não pedir ao amor suas mil metamorfoses. Uma desonra-se sozinha, a outra mata em proveito do homem uma família inteira. A moça só tem uma sedução e acredita ter dito tudo quando abandona suas roupas; mas a mulher tem várias e esconde-se sob mil véus; finalmente, acaricia todas as vaidades, a noviça só lisonjeia uma. O homem comove-se, aliás, com indecisões, terrores, temores, perturbações e tempestades na mulher de trinta anos, que jamais se encontram no amor de uma moça. Ao chegar a essa idade, uma mulher pede a uma jovem que lhe restitua o respeito que ela lhe sacrificou; vive apenas para ele, preocupa-se com sua vida, deseja-lhe uma bela vida, ordena-lhe que seja gloriosa; ela obedece, pede e manda, rebaixa-se ou ergue-se e sabe consolar em mil oportunidades, onde a moça só sabe gemer. Enfim, além de todas as vantagens de sua posição, a mulher de trinta anos pode transformar-se em mocinha, desempenhar todos os papéis, ser pudica e até se embelezar com a desgraça. Entre as duas encontram-se a diferença incomensurável entre o previsível e o imprevisto, a força e a fraqueza. A mulher de trinta anos a tudo satisfaz, e a moça, sob pena de não ser, a nada deve satisfazer. Essas idéias desenvolvem-se no coração de um jovem e nele compõe a mais forte das paixões, pois unem sentimentos fictícios criados pelos costumes aos sentimentos reais da natureza.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Hoje

Estava na casa dos meus pais este último fim de semana. Sentada na cama, lendo meu livro, começo a reparar no aparelho de som na estante. Lembrei que era meu companheiro inseparável. Até para tomar banho, o levava para dançar enquanto lavava os cabelos. Quando ia passar as férias na casa dos meus avós paternos, o levava também. Colocava a fita ou o CD preferido da época e deixava rolar. Sonhava, ia muito longe, pensava nos paquerinhas da época, pensava na festinha que ia ter na casa da amiga, e me empolgava já ensaiando os passos da noite em frente ao espelho, esperimentando uma porção de roupas.

Mas hoje... De que serve aquele negócio enorme, com a lente quebrada, que já não lê mais CDs nem toca mais fitas? Então comecei a pensar em quanta coisa a gente tem que não usa mais. A começar pelas emoções. Estocamos em nossa mente uma variedade de coisas velhas que empacam nosso caminho. Já pensou o tanto de entulho que ocupa o espaço de novos sentimentos, novas ideias?

O que nos serviu antigamente pode não servir mais hoje. Algumas coisas podem ainda ter efeito em nossa vida. As coisas boas, positivas, podem fazer parte da nossa vida hoje. Tanto para a gente, quanto para outras pessoas, como exemplo, como experiência. Afinal, nossa vida é feita de quem fomos ontem ambém. Só não podemos esquecer que podemos mudar muita coisa no DIA DE HOJE. O Hoje foi feito para nós. Foi feito para ser vivido. Feito para inspirar, expirar, sentir, se envolver. Foi feito para fazermos coisas melhores do que no passado. O Hoje é tudo o que temos.

Que você receba esse texto como um PRESENTE para pensar no dia de HOJE. Entendeu? ;)


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Provérbio Chinês

"Não tenha medo de crescer lentamente. Tenha medo apenas de ficar parado."