sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Minha infância – Babau

Eu costumava aprontar bastante quando era criança. Filha única, mas com pais trabalhando o dia todo, era minha forma de chamar atenção.

Minha avó ficava mais comigo. Ela tinha um problema nas pernas e quadris, então ficava sempre em casa, com seu andador. Era muito difícil para ela me controlar, uma criança hiperativa. Então ela dizia: “Se não parar de fazer isso e aquilo, vou chamar o Babau, hein?”.

O Babau da minha avó, que poluía meus sonhos de criança, era o famoso homem do saco. Mas que diabos, assustar uma criança assim! Ficava imaginando o que o Babau faria se me enfiasse no saco. Se eu passaria calor. Se eu passaria fome. Se ele seria mau. Se ele me venderia para o circo. Se ele faria sabão comigo. Não sei.

Fato é que essa história toda de Babau me deixou um tanto traumatizada. Não posso ver um homem barbudo e com um saco nas costas que mudo de calçada. Vai que eu vire sabão.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Se cuidar

Há alguns dias descobri o quanto é gostoso usar creme hidratante. É como colocar cobertura de chocolate no bolo quente.

Nuvens

Se tem uma coisa que adoro fazer é formar figuras nas nuvens. Não tem umazinha sequer que passe sem ser uma tartaruga, uma criança ou até um boto perseguindo bolhas no mar.

As nuvens mostram como as coisas do mundo são efêmeras. Bastam menos de dez segundos olhando as formas e elas se vão, como fumaça.

Coisas com caras

Todas as coisas tem cara.

A comida no prato tem cara, formada por duas azeitonas e uma vagem sorridente. O muro da casa do outro lado da avenida tem cara, com dois olhos de janelas azuis e uma boca de porta laranja. A plantinha da minha mesa tem cara, com dois buraquinhos no vaso e sua vasta cabeleira.

É bom. Para todo lugar que olho tem alguma coisa sorrindo pra mim. Pelo menos na maioria das vezes.

Minha infância – Dando nome às galinhas

Hoje fui almoçar com um amigão de infância, e que agora também mora na capitá. Demos muitas risadas, como sempre, e me lembrei de uma coisa muito engraçada: Eu tinha muitos bichos na casa da minha avó, incluindo galinhas, que meu amigo e eu brincávamos.

Todas elas tinham nome e algumas até sobrenome. Os nomes que eu me lembro eram: Laura (uma galinha preta com um tumor no traseiro), Pescoço Pelado (por que será?), as irmãs Giovana, Ana Cláudia, Ana Paula, Rúbia e Cristiane (em homenagem às amigas inseparáveis) e Luis Gustavo, um lindo galo índio que tinha que dormir no pé de caqui porque as galinhas batiam nele.

Pois bem, meu amigo e eu achamos um belo dia a caixa de esmaltes da minha avó e a levamos para o quintal. Pintamos as unhas das galinhas de vermelho e rosa, puro luxo.

As coitadas passaram a tarde toda a bicar os pés umas das outras. Mas ficaram chiquetérrimas.

Minha infância – Carinho de mãe

Minha mãe nunca foi carinhosa. Ela era preocupada e ao mesmo tempo neutra. Era uma forma estranha de amar, confesso.

Por exemplo, quando ela queria brincar comigo, ela colocava um travesseiro na minha cara e falava: “Vou matar! Vou matar!”. E eu morria mesmo, de rir.

Minha infância – Bendito fluor

Quando era criança (lê-se até os 18 anos, enquanto morava com meus pais), minha mãe fazia a mesma cantilena todos os dias. Parava no batente da porta do quarto, apontava a mão para o interruptor e começava: “Tomou banho? Trocou de roupa? Tomou leite? Fez xixi? Escovou os dentes? Tomou fluor? Então agora vê se reza”. Era isso todos os dias, sem erro. Até hoje sei essa ladaínha de cor, que mais parecia uma música mesmo. Tinha até ritmo.

Quando eu tinha muita preguiça de escovar os dentes, eu mentia que já tinha escovado na casa da minha avó. Mas em seguida, me sentindo mal por mentir, essa doce ingenuidade se levantava, falando para a mãe que tinha se esquecido que quando chegara em casa tinha comido uma bolacha.

Bons tempos.

Minha infância – Amor aos bichos

Ontem fui a uma apresentação de Natura Ekos e simplesmente fiquei encantada. Esse lance “da moda”, sustentabilidade, eles realmente levam a sério.

Lá me recordei de uma coisa que fazia quando pequena. Por verdadeiro amor aos bichos e plantas, eu dava aulinhas de ecologia, assim chamava. Na verdade, eu comprava aquelas revistas sobre ecologia e depois repassava para meus amigos, numa lousinha.

Uma coisa muito engraçada que me lembrei, foi que vi uma vez na revista, um passarinho muito lindo com os dizeres: “Essa ave tem muitas cores e blá blá blá”. Como a parte que dizia o nome do pássaro estava cortada, fui perguntar para o meu pai, que era ( e ainda é) o meu guru: “Pai, que bicho que pode ter muitas cores?” E meu pai, sem saber que me referia a uma ave ou poderia falar qualquer coisa que fosse colorida, menos um arco-iris por causa da restrição animal: “Um camaleão”.

Pronto! Soltei isso na aula: “Estão vendo esse passarinho aqui? É um camaleão!”

Não sei porque não virei veterinária ou ecologista. Sério.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Offline

Hoje acabou a força aqui no trabalho. E fiquei muito surpresa. As pessoas ficam totalmente perdidas. E não por causa da luz, porque era bem cedo. Era por causa da internet.

Afinal, como descobrir o mundo sem o Google?

Que coisa mais triste.

Carta a um poeta

Li no blog da minha amiga, não sei quem escreveu, mas acho que é isso. Isso que importa.

;relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações?

Miss Dolittle

Ontem fiquei pensando: O que será que meus gatos diriam se eu pudesse ouví-los?

A Nena, provavelmente diria: “Mamãe, você me aperta muito, tem hora que não quero colo. E essa mão pesada na minha barriguinha, às vezes coça! Mãe, eu gosto quando você amassa pãozinho em mim. E quando brinca no box. E quando brinca de esconder e pega-pega. E quando passa catnip no meu ratinho. Mas não gosto quando você segura meu rabo. E gosto quando quando você esconde seu pé e me deixa mordê-lo quando eu o acho. Mãe, escuta, eu adoro pêra e mamão, por que você não me dá mais? E de danoninho. E da cama do Sushi. Por que ele não me deixa deitar lá às vezes? Ele é muito chato. Não sabe brincar. Mãe, por que você não deixa a torneira aberta? Eu tenho sede quando você está trabalhando, sabia? E detesto quando me leva para cortar as unhas. Eu cuido delas, sabia também? E definitivamente, detesto quando passam pomada no meu ouvido. Mãe...”

E o Sushi: “Prrrrrrrrrr.... Prrrrrrrrrr....Me escova?”

Chuva

Cai o mundo lá fora. Eu aqui dentro, olhando a janela. As gotas apressadas, as que vão direto da nuvem para o chão, são violentas, têm pressa e não podemos escapar delas. As gotinhas que batem no vidro vão escorregando lentamente, como se quisessem espiar o que tem aqui dentro. Vão desenhando o vidro com seu percurso de prisma.

Às vezes sou como as gotonas. Passo por cima de tudo para chegar onde quero. Ultimamente ando como as gotículas. Observando bem antes de chegar em qualquer lugar.

Acho que estou crescendo. E isso é tão reconfortante.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Minha infância – À vizinha, com carinho

Sempre fui muito mimada. Filha única, única sobrinha, única neta (pelo menos do lado da minha mãe). Tá, tinham meninos, mas... quem precisa deles?

Ganhava muitos presentes quando era criança, tinha todas as novidades do momento: brinquedos, bicicletas, estojos cheio de botões. As roupas eram todas da Pakalolo, furor da criançada naquela época. E justamente nessa época, eu tinha uma vizinha, a Meire Elen, que era a minha melhor amiga. E ela não podia ter nada daquelas coisas. A mãe dela não tinha dinheiro, e o padrasto, quando ela ganhava alguma coisa, não deixava ela brincar com os brinquedos. Era para deixar na caixa para não estragar.

Então, tudo o que eu tinha, quando enjoava um pouco, eu dava para a minha vizinha. Precisava ver os olhos dela, como brilhavam. Mas lá ia o padrasto pedir para guardar! Eu ficava enfurecida.

Um dia ele estava brigando com ela porque tinha ralado a bicicleta que eu tinha dado a ela. Aí foi minha vez de dar uma bronca nele: Bicicleta foi feita para andar e ralar, senão, para que serve?

Ele quase me mandou embora da casa dele, mas nem precisou porque saí de lá batendo os pés e levei a bicicleta e a vizinha comigo. Só desgrudamos quando ela se mudou para um sítio. Lembro que fiquei até doente.

Minha infância – Quiabo

Eu tive uma boneca que vinha com um caderninho de memórias, algo assim. E lembro muito bem uma das perguntas: Qual o seu prato preferido? E a minha resposta firme, em letra de forma, aos 5 anos de idade: QUIABO.

Anel

Quinta-feira, dia 18, recebi uma surpresa pelo MSN: um pedido de casamento. Apesar da gente já ter ganhado até os presentes, o pedido não tinha sido feito. Foi mais ou menos um acordo: quando o apartamento ficasse pronto, a gente se casaria.

Só comemoramos no dia seguinte. Comprei vestido, fiz a mão e o pé. E ele me deu um anel lindo, lindo, lindo, tá aqui no meu dedo, digitando. Mal chegou e já está trabalhando feito louco.

Essas coisas acontecem assim mesmo. Quando a gente nem espera mais, ou quando achou que já estava tudo feito. E vem para fazer brilhar o dia.

Minha infância – Vitamina e Coca-Cola

Tive a oportunidade de conviver com duas figuras muito excêntricas: meus avôs. Um deles, o pai da minha mãe, o Luizinho, era um cara pra lá de saudável. Acordava antes do sol nascer, tomava banho gelado (fizesse chuva, sol ou até neve), colocava o shorts de ginástica e ia pro quintal fazer suas flexões. Aliás, tem mais coisas que quero falar dele, mas fica para outra hora.

Meu outro avô, o Eloy, este eu não via com muita frequência porque morávamos em cidades diferentes. Mas nas férias da escola, ia para a casa dele. Dele e da minha avó, a Tereza. Ele tinha um Corcel antigo, vermelho e preto, que depois vendeu e comprou outro Corcel, mas um modelo mais novo (se é que pode-se chamar de novo um carro daqueles), dourado. Adorava andar de carro com ele, que levava minha avó na igreja e ficava dentro do Corcel esperando a missa acabar.

Meus dois avôs não eram nada parecidos: O Luiz era alto e magro, o Eloy, mais baixo e gordinho. Um era super saudável, o outro adorava balas Soft redondas que fazia a gente engasgar. O vô Eloy botava uma de cada cor na boca, tudo de uma vez! E quando dava a hora do lanche da tarde, meu avô Luizinho corria com um copaço de vitamina de frutas atrás de mim, e eu não queria de jeito nenhum, tadinho! Já o vô Eloy não deixava faltar Coca Cola em casa, e ai de quem fosse lá e não tomasse pelo menos um copo. Ai.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Temporada Infância Feliz – O começo

Ontem estava na padaria perto do trabalho e qual não foi minha surpresa quando vi um símbolo da minha infância: canudos recheados com doce de leite. Vibrei feito uma criança. Tudo veio na minha memória feito uma enxurrada de chocolate com brilhinhos coloridos.

Infelizmente não pude comer o doce, por causa do meu probleminha no estômago. Mas dei uma cheirada tão forte no negócio que quase ficou sem sabor para quem comprá-lo.

Aí pensei: poxa, foi uma das melhores épocas da minha vida e eu não escrevo a respeito... Então farei daqui um espacinho para postar também as coisas de ontem. Recordar é viver. :)

Relógios

Hoje eu trouxe os relógios do amore mio para consertar. Mas gostei tanto deles assim, paradinhos... Não quero que o tempo passe rápido.

E por falar em plantas...

Na minha mesa de trabalho tenho várias plantinhas. A minha mais velha é a Fabiana, ganhei do meu amoreco. Depois de uma semana, veio a Margie, minha cabeludinha. Ganhei da agência. Aí as pessoas notaram que eu falava com elas e começaram a me dar várias plantinhas. Chegou a Fausta, depois a Calvina, tadinha, estava ficando calva, mas parece que está bem melhor e hoje tinha mais uma aqui, não sei quem me deu. Então a caçula vai se chamar Aparecida.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A delicadeza de todo ser




Uma vez vi um programa sobre plantas e seus sentimentos. Eles colocaram uns eletrodos numa plantinha e fizeram vários testes. Um deles consistia em ameaçar a verdinha. Os eletrodos não mentiram: a bichinha se tremeu toda de susto, coitada. Depois fizeram carinho nela. Ela ficou feliz!

Aí fiz esse teste em casa. Tinha uma arvorezinha toda sequinha. E eu conversei com ela, passei a mão nela, e disse que era para ela reagir, que não gostava de vê-la daquele jeito. No dia seguinte, várias folhinhas novas despontaram!

A arvorezinha podia não entender o português, mas ela sabia muito bem traduzir as intenções do meu coração.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Segredo

Vou te contar uma coisa: na verdade não estou escrevendo um post, é só uma tentativa de disfarçar a falta de job hoje. Na minha tela pipocaram sites, blogs e um mundo de coisas legais, me instigando a usar o cartão de crédito, mas até então, nada do Word abrir. Como diz uma amiga, se eu fizer xixi na calça, posso ir embora?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Única

Quem disse que ser filha única é chato? Tenho o mimo da minha família o tempo todo. E o que era para ser um dia muito chato vai ser no final um dia de muitos encontros. Todo mundo vai me ver. O que seria de mim sem eles? :)

Confete

Se eu tivesse um pacotinho de confetes agora eu daria uma rodinha de cada cor e com uma carinha desenhada para cada um dos meus amigos mais queridos. Mandaria uma para o México, uma para a Austrália, uma para Londres e as outras eu distribuiria aqui, mais pertinho de mim.

Mudança


Todo tipo de mudança me dá um nervosinho. Se é para o bem, formiguinhas correm pela minha barriga, se é pelo mal, um dinossauro atropela meu estômago. O que acontece é que agora estou sentindo as duas coisas ao mesmo tempo. E isso não é justo. Por mais que sejam bem mais legais, as formigas não tem nem um centímetro de altura...



Meu amor


Você é um palitinho. Eu sou uma bolinha. Nós dois juntos formamos uma exclamação de alegria!

Eu sem você sou só um pontinho. Você sem mim é só um risquinho.

Muito sem graça.



Aromas


Quando a gente não pode comer o que quer, uma inspirada forte num pacote aberto de Passatempo nos deixa viajando por mil segundos. E não engorda nem um grama.


Cores


É incrível como uma cor diferente em você pode fazer maravilhas. Se não fosse o esmalte rosa cítrico e o botãzinho amarelo na sapatilha, eu seria hoje um personagem de quadrinhos de mil novecentos e bolinha.


Dor


Não sei ao certo de onde ela vem, mas anda me ocupando os dias, as noites, os pensamentos. Não me deixa dormir direito e me deixa insegura. Não me deixa comer o que eu gosto e me deixa angustiada. Não me deixa ser completamente feliz e me deixa com dor. E medo. Medo dos resultados dos exames. Medo porque sei que se der alguma coisa, é bem possível que seja cem por cento minha culpa. E tenho medo de ser responsável por coisas assim.


Não sei o que pensar disso


É disso que eu falava. De ficar num lugar, quando não tem trabalho, olhando para a tela o tempo todo e cansada de pesquisar a internet toda. O lado bom é que conheci a vida de Bertold Brecht no Wikipedia, descobri um escritor de um livro só e segundo a crítica, espetacular (cujo volume está esgotado na editora e agora fiquei curiosa), vi uma entrevista de 1973 de Hitchcock e conheci um CD lindo de Marina De La Riva.

Hum... Acho que no fim das contas nem dá para reclamar.




segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Aniversário


Faz muito tempo que não me importo muito com o meu aniversário. O dos outros eu adoro, faço presente, ligo, vou na festa. Mas prometi que ano que vem vou dar um festão, já que mudo de década.

Este ano meu aniversário foi especial, mas sem festança, sem alarde. No sábado fui na casa dos meus pais com o meu querido. Vi papai, mamãe, cachorro, passarinhos. No domingo, chegou minhas tias e meu tio. Sempre presentes, vem de longe. Fico tão feliz. Minha mãe encomendou o bolo de trufa que adoro e pão de metro. Na segunda, dia do meu aniversário de fato, fui jantar numa cantina com o namorado e uma amiga. Tomei canja porque meu estômago estava estranho e fui parar no hospital, o namorado e eu. Mas tudo bem, foi muito gostosa a noite, sem nada demais, mas especial por ser uma segunda-feira e já começar comendo fora, quase meia noite.
Além de tudo isso, como se já não fosse o bastante, recebi ligações de amigos que não esperava. Ainda mais de 3 deles, quer dizer, delas, que estão fora do país e mesmo assim tiveram tempo para ligar, mandar e-mail e até cartão.
E cinco dias depois, ainda comemoro com mais tios, avó, prima, namorado de novo, sempre.

É isso. Pessoas especiais numa festa no meu coração.



quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Gostar do que faz


Veja se não é no mínimo interessante:

Antes: Eu ganhava mais, tinha benefícios, perdia menos tempo no trânsito, trabalhava bem menos, chegava em casa mais cedo.

Agora: Eu ganho menos, não tenho benefícios, perco horas no trânsito, trabalho pra cacete, chego em casa tarde e moída.

E hoje estou muito feliz.


Quente lá fora, frio aqui dentro


E o calorzinho apareceu, no meio do inverno. Entrou de gaiato, pelo menos na minha visão, mas garanto que muita gente deve ter convidado esse cara.

Eu não. Ele já faz a festa quase o ano todo e ainda por cima tira o pouco tempo que o inverno tem.

Se eu mandasse no clima, faria 15 graus o ano todo, acho que já ia dar.

Enquanto isso, me vendi mais uma vez. Estou fechada num prédio sem ver o que acontece lá fora.

Mas tudo bem. Os sonhos muitas vezes têm que esperar para ter mais sabor.


quinta-feira, 30 de julho de 2009

Coisas simples


A Nena é minha gatinha linda. Ela adora brincar e conversar. É só alguém passar perto dela para iniciar uma longa conversa. Ela mia daqui, a gente dali, em resposta.


E no meio disso tudo ela acha um papel amassado ou um grampo no chão. Aí acaba o bate papo, é hora de se divertir sozinha.

Por que será que os humanos são muito mais complicados?


Chuva boa



Adoro esse tempinho. Ainda mais estando em casa, podendo curtir meus gatinhos, meus livros, música boa e uma xícara de leite quente com mel.



Cheirinho de casa nova


Esta semana eu fui com meu amor ver como está a reforma do nosso apê.


Imagina, cheio de sacos empilhados com entulhos, poeira, coisas nossas cobertas com lençóis velhos, uma quebradeira geral.

E a gente se abraçou, se beijou e achou tudo aquilo lindo.



terça-feira, 21 de julho de 2009

Minha vizinha


Acabo de fazer amizade com uma senhora, ela se chama Claudete e mora numa casinha linda. Ela tem três gatos lindos e estava triste porque um cinzinha de 6 meses fora atropelado.

A Luna é a mais velha, uma linda gata negra de 15 anos. A Dona Claudete espera que ela dure tanto ou mais que a Charlot, que viveu 19 anos.

Ela me disse que enquanto a maioria gostaria de ter um canil, seu sonho era ter um gatil. Minha alma gêmea.

Dona Claudete achou meu "nome lindo, assim como meu rosto de boneca". Elogio de vó.

Estou escrevendo isso uma quadra acima da casa dela, no meu moleskine. Não aguentei esperar até chegar em casa.


Os amigos nos fazem ver


Sabe quando você está sorrindo pra tudo, sem perceber?

Meu amigo acaba de me dizer pelo msn: "Sabe que dá pra ver que você está feliz? Não tô te enxergando, mas parece que está rindo pro computador."

E estava mesmo.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

Tempo precioso


Meu tempo é tão precioso que não posso gastá-lo na frente de uma tela de computador, esperando a vida passar.


Quando precisarem de mim, me chamem que eu vou.


Não é incrível?


Desde que pedi demissão, nunca trabalhei tanto.


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Do outro lado da rua




Na frente da parede com uma porta no meio, uma casinha linda.

Fiquei imaginando quem moraria ali. O quão interessante ela seria, para conservar esse pedacinho de céu num dos bairros mais conturbados da cidade. Como ela conseguiu conservar uma aura mágica numa massa cinza, cheia de gravatas e problemas.

Essa pessoa deve ter um bichinho de estimação. Também cozinha feijão escolhido na mesa, espera o marido com um café feito na hora nas mãos e abre a janela de madeira pela manhã, com os primeiros raios de sol atravessando a cortina, revelando os brilhinhos de poeira. Ela poda as roseiras às cinco da tarde, quando o dia está amarelando. Ela usa avental e na sua cadeira de balanço, recorda a juventude, quando tudo em volta de sua casa eram lares de amigos com chá da tarde e bolo de cenoura.

A casa fica do outro lado da rua. É do lado que eu queria estar.


Porta para o céu




Tinha uma porta no meio da parede. Tinha uma parede no meio da porta.

E não é que no meio de um almoço a gente redescobre um poema?



terça-feira, 14 de julho de 2009

Pulguinha


Pedi demissão.

Uns disseram que sou doida, outros me parabenizaram pela coragem de deixar salário fixo, carteira assinada e todos os benefícios tão almejados.

O melhor comentário de todos foi de um amigo, quando eu disse a ele que mesmo feliz, estou com um friozinho na barriga pelo novo. Ele me disse:
"O importante é você estar feliz. Preocupado todo mundo fica. Já feliz... Bem difícil."

A confiança voltou a fazer cócegas.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Coleções


Ganhei uma caneca de gato de uma amiga que sabe que adoro canecas e gatos. Adoraria colecionar as duas coisas, mas a vida só me permite colecionar as canecas.

Essa amiga adora presentear. É de uma delicadeza de vó. Sabe transformar um grão de areia num castelinho.

Amigos assim a gente não consegue colecionar. Ao contrário das canecas, são peças difíceis de se achar.


Friozinho


O ventinho gelado vindo das frestas da janela fechada denunciam os doze graus lá fora. Levanto, calço meus chinelos e escuto os miados vindos do lado de fora do quarto. Brinco com eles enquanto penso nas decisões que irei tomar em breve. Mas os gatos são ardilosos. Eles sabem o que se passa em nossas mentes. Por isso, puseram-se a miar cada vez mais alto, me chamando de volta para a terra.

Vesti roupas de acordo com o tempo, mas não exatamente o que eu queria. As peças estavam descoordenadas, assim como minha cabeça. Agindo com a razão.

Ainda estava frio. Ora, doze graus não é tão frio assim. Acho que as borboletas do meu estômago estão agitadas, isso sim.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

C'est La Vie


Acordei pensando que seria um dia bom. Vesti minhas meias rendadas que herdei de uma amiga que trouxe da Suécia. Elas me fazem sentir nos anos 20, não sei, como se algo de bom estivesse por vir. Algo diferente.

Coloquei a trilha de Amelie Poulain no ipod, o que faz me sentir uma francesa, pronta para jogar pedrinhas no rio. Tudo estava leve.

Parei para tomar café com leite na padaria e isso completou o início da manhã. Adoro tomar café com leite segurando a xícara com as duas mãos. A fumacinha saindo preenche tudo o que consigo enxergar naquele momento. E pelo menos naquele momento, tudo fica com cara de férias no inverno.


Araras e gavetas


Sempre tive muitas coisas. Adoro coisas. E roupas, como toda mulher. E por mais que doasse muita coisa todo ano, sempre restava mais um monte. Parece que aquela tal história de que se você doa você ganha em dobro é verdade.

Os problemas com espaço são uma constante em minha vida. E quando meu amor veio morar em casa, além dos beijos vieram as coisas dele. E nunca gostei tanto de que minha coisas ficassem mais apertadas.

Agora temos um armário embutido, uma arara torta no pé da cama, algumas blusas mofadas e muito amor.


Barulhinho bom


Quando consegui alugar um apartamento só pra mim, foi um sonho que se realizava. Tentei puxar pela memória naquele momento em que entrava meu sofá pela porta, se havia tido momento mais sublime.

Era como se eu estivesse numa daquelas propagandas de perfume importado. Indescritível.
Passado um tempo, comecei a sentir falta do barulho. Não o tempo todo, mas de vez em quando eu sentia.

Aí veio meu amor morar comigo. O barulhinho dele é bom.