quarta-feira, 20 de julho de 2011

Profissões

Sabe qual é o problema? Mandam a gente escolher o que fazer da vida quando a gente ainda nem sabe o que é a vida.
Vida pra mim, até o vestibular, era meus pais, avó, tias, quintal com pomar, galinheiro cheio de frangos e frangas, brincar com os vizinhos, estudar pra prova, fazer desenho e escrever historinhas.
A partir daí, alguém falou pra minha mãe:
“A menina vai ser veterinária. Adora os bichos.”
E minha mãe pensou que sim.
Depois, outro alguém falou:
“A menina vai ser estilista. Cada roupa que ela faz pras bonecas...”
E minha mãe pensou que sim.
Mais outro:
“A menina vai ser desenhista. Olha esses desenhos!”
E minha mãe pensou que sim.
Aí chegou minha professora desde séculos passados e disse:
“Ela vai ser uma grande jornalista ou redatora publicitária.”
E não é que eu me convenci disso?
Fiz o que os outros falaram que eu ia ser, mas esqueci do “grande”. Porque não era o que eu queria ser. Deram-me a dica (ou melhor, pra minha mãe) e não reparei que por trás das duas opções, a raíz era a escrita.
Eu queria mesmo era ter sido escritora. Pra poder falar dos bichos, dos quintais, das famílias, das relações. Da forma que eu quisesse.
Ainda dá tempo.


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