segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Minha infância – À vizinha, com carinho

Sempre fui muito mimada. Filha única, única sobrinha, única neta (pelo menos do lado da minha mãe). Tá, tinham meninos, mas... quem precisa deles?

Ganhava muitos presentes quando era criança, tinha todas as novidades do momento: brinquedos, bicicletas, estojos cheio de botões. As roupas eram todas da Pakalolo, furor da criançada naquela época. E justamente nessa época, eu tinha uma vizinha, a Meire Elen, que era a minha melhor amiga. E ela não podia ter nada daquelas coisas. A mãe dela não tinha dinheiro, e o padrasto, quando ela ganhava alguma coisa, não deixava ela brincar com os brinquedos. Era para deixar na caixa para não estragar.

Então, tudo o que eu tinha, quando enjoava um pouco, eu dava para a minha vizinha. Precisava ver os olhos dela, como brilhavam. Mas lá ia o padrasto pedir para guardar! Eu ficava enfurecida.

Um dia ele estava brigando com ela porque tinha ralado a bicicleta que eu tinha dado a ela. Aí foi minha vez de dar uma bronca nele: Bicicleta foi feita para andar e ralar, senão, para que serve?

Ele quase me mandou embora da casa dele, mas nem precisou porque saí de lá batendo os pés e levei a bicicleta e a vizinha comigo. Só desgrudamos quando ela se mudou para um sítio. Lembro que fiquei até doente.

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